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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Apesar das incertezas, setor mantém otimismo

Expositores da Fenim estão confiantes com as vendas este ano, apesar dos resultados

negativos do segmento em 2012, quando a produção de confeccionados caiu 10,5%

 

» BIANCA MELLO

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

(Abit), a produção dos segmentos têxtil e de confecção registrou queda de 4,6% e

10,5%, respectivamente, de janeiro a novembro do ano passado, quando comparados a igual período de 2011. A balança comercial do setor teve déficit de US$ 5,3 bilhões, número que deve subir para US$ 5,8 bilhões de déficit, segundo a entidade, se as condições do mercado se mantiverem. Apesar do panorama ruim em 2012, expositores da 17ª edição da Feira Nacional da Indústria da Moda (Fenim), encerrada

semana passada no Serra Park, em Gramado (RS), mostraram-se otimistas em relação às vendas em 2013.

Organizado anualmente pela Expovest, o encontro teve a participação de 550 expositores e mais de 2,2 mil marcas de roupas e acessórios, que aproveitaram a feira para apresentar suas coleções outono/inverno 2013 para compradores nacionais e internacionais. Segundo a organização, o volume de negócios chegou a R$ 600 milhões. Consolidada no calendário nacional de eventos do setor têxtil, a Fenim, que

recebeu cerca de 25 mil visitantes, tem ainda importante papel para o turismo local,

chegando a gerar ainda cerca de 3 mil empregos indiretos. O diretor comercial da Fenim, Julio Viana, aproveitou a feira para notificar algumas mudanças. A edição primavera-verão 2013, que normalmente também é realizada em Gramado, será este ano no Expo Center Norte, em São Paulo.

Além disso, haverá a estreia da Fenim Nordeste, que será promovida no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O número de expositores para ambos eventos ainda não está fechado, mas, de acordo com Viana, serão pelo menos 450. "Os mercados do Norte e Nordeste estão atrativos, então vamos levar empresas para vender para as lojas de lá", ressalta.

 

Tendências

 

O couro é sempre uma tendência presente nas coleções outono-inverno. Este ano, o

empresário e engenheiro químico Cândido Couto Filho aproveitou a Fenim para relançar sua marca no mercado.

Na década de 90, a Pecol trabalhava com couro de peixe, mas, por conta de algumas

oscilações da economia, acabou fechando. Hoje, Couto Filho tenta uma retomada

com a CCF, que utiliza como matéria-prima couros de carneiros nordestinos "deslanados" da raça Santa Inês.

Na avaliação do dono da CCF, a penetração da marca no mercado tende a ser devagar,

pois o produto é voltado para a Classe A. O preço médio dos casacos é R$ 600 para

o lojista, que os revende por pelo menos R$ 1,5 mil. O empresário conta que, devido à

ascensão das camadas mais pobres nos últimos anos, ficou mais difícil identificar

mais claramente seu público alvo, mas, ainda assim, ficou muito satisfeito com o retorno que obteve durante a feira. "Vou trabalhar o marketing da marca com montadoras de carro para que o novo rico tenha contato com nosso produto e fique com vontade de usar os casacos", conta.

A Cativa Indústria Têxtil, de Pomerode (SC), completa 25 anos de mercado em setembro com expectativas promissoras para 2013. Especializada em malharia, a empresa detém atualmente oito marcas, com as quais alcança consumidores do público feminino, masculino, adolescente, infantil e plus size. Na Fenim de 2012, a

Cativa conseguiu fechar mais de 500 mil peças em pedidos firmes, segundo o diretor financeiro Marcelo Kamchem.

"Este ano, a expectativa é bater 700 mil peças", afirma. O executivo conta que 2012

começou devagar, mas o segundo semestre apresentou recuperação. Com isso, a empresa fechou o ano com crescimento de 20% em relação a 2011. Para 2013, a estimativa é elevar o faturamento em 35%.

"Já entramos o ano com uma carteira de pedidos firme, o que é inédito para a companhia. Superamos a cota do mês de janeiro, que foi 10% maior em relação a igual período de 2012", acrescenta.

Segundo Kamchem, a concorrência de produtos importados já foi um problema para

a Cativa, mas, hoje, a situação está controlada. "Atualmente, 20% da produção é feita na China, o que nos ajudou a minimizar os efeitos dessa concorrência desleal", explica. De acordo com ele, a maior dificuldade da companhia atualmente é encontrar de mão de obra qualificada para trabalhar nas confecções. "O mercado interno é nosso maior

foco. Hoje, os principais estados compradores são Rio Grande Sul e Minas Gerais, mas a participação do Nordeste cresceu no ano passado e já representa cerca de 20% das vendas", conta.

 

Moda íntima

 

Com mais de 40 anos de atuação no mercado nacional, a empresa de moda íntima masculina Mash, conhecida por suas meias e cuecas, resolveu incrementar o guarda chuva de produtos e lançou pijamas para o inverno 2013.

Há alguns anos, a empresa até chegou a fabricar uma linha homewear, porém logo foi

descontinuada. Em 2012, a companhia resolveu testar a aceitação desses itens na loja

conceito da marca, localizada no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. "Como

deu certo, voltamos a fabricála", conta o diretor comercial da Mash, Jonas Waisberg.

De acordo com o executivo, a Mash fechou 2012 com vendas abaixo das expectativas,

mas, ainda assim, o faturamento cresceu 7% em relação a 2011. Waisberg conta que os negócios foram afetados pelo inverno mais ameno em 2012. "Os lojistas ficaram com muito estoque e descapitalizados, o que penalizou o setor de moda íntima", diz o

diretor, acrescentando que, para 2013, a projeção de faturamento é de crescimento de

30% frente a 2012.

Na avaliação de Waisberg, é importante investir bastante em materiais novos, na fábrica, na equipe e no suporte para conseguir recuperar o que foi perdido no ano passado. O lançamento de produtos também ajuda a atrair novos compradores. "A participação em feiras também faz parte da estratégia para alcançar novos mercados", destaca.

A empresa não trabalha com exportações e, segundo Waisberg, em vez de investir

em uma estrutura para atender ao mercado externo, a empresa prefere explorar o potencial brasileiro. Ainda de acordo com o executivo, uma das principais dificuldades

enfrentadas pela companhia é o comportamento de compra do público masculino, que ainda não encara o underwear como peça de moda, mas como de reposição.

"O homem acaba deixando a compra para a mãe ou esposa. Cerca de 70% do nosso público consumidor é formado por mulheres. Gostaríamos que o desejo que a undewear feminina desperta se replicasse nos homens", explica o diretor comercial da Mash.

 

FONTE: Jornal do Comércio/RJ – 30/01/2013 – B - 10

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