quinta-feira, 6 de outubro de 2011

IFRS - Presidente do Iasb muda o tom na defesa das normas internacionais nos EUA

 Por Fernando Torres | De São Paulo


No seu primeiro discurso nos EUA desde que tomou posse como presidente do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), o holandês Hans Hoogervorst defendeu, como era de se esperar, a adoção do padrão contábil internacional IFRS pelos Estados Unidos. A novidade veio na mudança de tom em relação ao antigo presidente do Iasb, David Tweedie. Ao contrário do predecessor, Hoogervorst não concentrou seus argumentos na superioridade do IFRS sobre o padrão americano, conhecido como US Gaap, em termos de qualidade. Segundo ele, cada sistema tem seus pontos fortes e fracos.

Nos discursos do bem-humorado escocês Tweedie, era comum se ouvir comentários sobre o apego que o sistema contábil americano tem ao formalismo e a regras específicas. Ele também criticava o fato de isso resultar num conjunto de regras de mais de 17 mil páginas, em oposição a 2,5 mil do IFRS.

O novo presidente do Iasb preferiu atacar questões práticas para justificar por que os EUA devem caminhar para o IFRS e também minimizou alguns riscos citados por aqueles que são contra a migração do padrão contábil.

Hoogervorst destacou que os EUA representam hoje apenas 30% do valor de mercado de empresas listadas em bolsa, ante um peso de 45% entre 1996 e 2006.

"Não é que o mercado financeiro americano diminuiu. Mas que outros locais do mundo - especialmente os centros financeiros asiáticos - se tornaram atores globais", afirmou.

Ele destacou que um padrão único e global de contabilidade reduzirá o risco de arbitragem regulatória e trará benefícios para os usuários dos balanços.

Sobre a preocupação sobre a dificuldade de fazer uma transição segura para o IFRS, Hoogervorst disse que se o Brasil e a Coreia conseguiram adotar o padrão rapidamente, não teria dificuldades para os EUA fazê-lo.

Em relação à pressão política que alguns argumentam que o Iasb sofre, o presidente do conselho admitiu que ela pode existir, mas disse que isso não afetava apenas o IFRS. "No calor da crise financeira [em 2008], tanto Iasb como o Fasb [conselho que edita o US Gaap] sofreram intensa pressão para relaxar suas regras", afirmou Hoogervorst.

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