terça-feira, 24 de setembro de 2013

Sorria! Empresas combatem aumento da grosseria no ambiente de trabalho

 

Os funcionários de muitas empresas americanas estão colocando novas tarefas na lista de trabalho: cumprimentar os colegas e não se esquecer de sorrir.

Pode ser difícil para as companhias admitir que o ambiente de trabalho em seus escritórios com frequência não é agradável — com colegas acostumados a fazer comentários humilhantes "de brincadeira" ou a dar respostas ásperas especialmente quando estão sob pressão —, o que pode levar a perda de produtividade, criatividade e talento. Em ciclos econômicos de crescimento lento como o atual, em que os empregados são forçados a trabalhar mais com menos recursos e tendem a ficar mais estressados, o nível de grosseria aumenta. Então, algumas empresas estão incentivando seus empregados a ser mais sociáveis.

Um comportamento incivilizado pode "se espalhar como um vírus entre as equipes de trabalho", diz Elizabeth Holloway, professora de psicologia da universidade Antioch e consultora de civilidade.

Cerca de 96% dos 3.000 participantes de um estudo da universidade de Georgetown e da faculdade de administração de empresas Thunderbird disseram que já foram maltratados por colegas e outros 98% já presenciaram abusos no local de trabalho.

Na Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, que ficou conhecida mundialmente por um escândalo de espionagem internacional, a grosseria também parece ser um problema. Um analista da agência de inteligência convidou os colegas de escritório a enfeitar "uma árvore de civilidade" de metal com os nomes dos companheiros mais gentis como parte de um esforço anual de fazer com o que o ambiente de trabalho na NSA seja mais. Os gerentes da agência estatal também encorajaram a equipe a dispensar elogios aos colegas, a chegar mais cedo em reuniões e espalhar mensagens encorajadoras na cafeteria e nos banheiros. Os funcionários que fazem algo elogiável são homenageados como "astros e estrelas de civilidade" e são recompensados com troféus e dias de folga adicionais; isso tudo para incentivar a cordialidade no local de trabalho, de acordo com o diretor de oportunidades iguais de emprego e diversidade da NSA.

Até a Dish Network Corp, que liderou uma lista do website de notícias financeiras 24/7, como uma das "piores empresas de Wall Street para se trabalhar", com base em pesquisa feita com os empregados, está implementando medidas para melhorar o ambiente de trabalho.

O diretor-presidente Joseph Clayton, que assumiu o comando da empresa de televisão via satélite em 2011, diz que tem se esforçado para melhorar o clima nos escritórios da empresa em Denver. Isso se traduziu em concertos de verão para os funcionários e suas famílias e uma postura mais tolerante a respeito da política de frequência dos empregados. A empresa deixou de controlar a frequência da equipe com leitor de impressões digitais e os gerentes são mais flexíveis em permitir que um pai saia para levar uma criança para a escola, por exemplo.

"Eu queria que fosse um lugar mais divertido" diz Clayton. "Acredito que as pessoas são responsáveis por tratar os outros do jeito que querem ser tratadas."

Mas essas mudanças ainda não chegam da calorosa e aconchegante cultura corporativa da Southwest Airlines Co., onde um departamento inteiro se dedica a enviar mensagens de apoio quando um membro da família está doente ou felicitações quando um casal tem um bebê. "Nós temos gente aqui que se lembra dos nossos aniversários quando até os membros da nossa família não o fazem," diz Ellen Torbert, diretora de diversidade e inclusão da companhia aérea.

O que acontece quando os locais de trabalho se tornam taciturnos e desmoralizantes? As pessoas que trabalham em tais ambientes têm dificuldade de se concentrar e processar informações, diz Christine Porah, que estuda a incivilidade na faculdade de administração de empresas McDonough, de Georgetown.

As vítimas de abusos não se esforçam no trabalho e são mais propensas a explodir, diz Porath. E os custos podem ser enormes. A empresa Cisco Systems Inc.,   fabricante de equipamentos de rede, estimou em 2007, que o custo da incivilidade em sua organização ultrapassava US$ 8,3 milhões por ano, diz Porath. Esse total leva em conta o volume de rotatividade de empregados, o nível de comprometimento dos profissionais com a empresa e o tempo de trabalho perdido devido à preocupação com o possíveis abusos.

Algumas organizações estão estabelecendo regras para promover a simpatia. No centro médico Ochsner, de Louisiana, os funcionários são obrigados a seguir a "regra 3/2", pela qual eles têm que olhar nos olhos de qualquer pessoa no raio de distância de 3 metros e cumprimentar qualquer pessoa no raio de 2 metros.

Mas nem todos os gerentes acreditam que capitalismo e gentileza caminham juntos. Ray Dalio, fundador do fundo de investimento Bridgewater Associates, pede à equipe que dispense rapidamente empregados se eles não tiverem o perfil ideal para a empresa e enfatiza que "críticas verdadeiras" têm mais valor do que elogios, de acordo com um documento que fala sobre a sua vida e os seus princípios de gerenciamento, que está disponível no site da Bridgewater. A empresa não quis comentar.

"O trabalho de um gerente é chegar à verdade e à excelência," Dalio escreveu, e "não fazer as pessoas felizes."

 

Fonte: The Wall Street Journal - http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304213904579093823666041200.html?mod=WSJP_inicio_MiddleTop

Nenhum comentário:

Postar um comentário