Companhias como Kopenhagen, Panasonic e Multilaser são atraídas ao município e elevam ICMS mineiro
THIAGO SANTOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com as armas da guerra fiscal, o município mineiro de Extrema, distante 107 quilômetros de São Paulo e a 500 quilômetros de Belo Horizonte, já é o segundo polo industrial de Minas Gerais, atrás apenas de Betim.
A participação de Extrema no repasse do ICMS mineiro mais que dobrou em uma década e atingiu 0,5% do total em 2011.
As políticas estadual e municipal de incentivo têm feito da cidade mais ao sul de Minas Gerais ser a mais nova meca da indústria paulista.
Para Tailon de Camargo, diretor da Secretaria da Fazenda de Extrema, o município vive mais da relação com São Paulo do que com Minas Gerais.
Os incentivos surtiram resultado. Em 12 anos, o número de indústrias em Extrema saltou de 60 para 172 operações, boa parte destas oriundas do território paulista.
DE MALA E CUIA
A fabricante de chocolate Kopenhagen aportou na cidade em 2009, depois de abandonar Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo. Segundo a prefeitura local, a unidade emprega 1.200 funcionários.
Em 2007, a Multilaser -fabricante de equipamentos eletrônicos e de informática- trocou o bairro da Barra Funda (zona oeste de São Paulo) pelo sul de Minas.
"Desde o início das negociações, a prefeitura se mostrou amigável e facilitou até a compra do terreno para a instalação da fábrica", afirma Guila Borba, diretor comercial da Multilaser.
Com o pagamento de salários, a empresa injeta R$ 2 milhões todos os meses na economia da cidade.
Um dos beneficiados da bonança é o estagiário Filipe Meira Mazon, 24.
"Extrema está crescendo muito rápido. A situação é praticamente de pleno emprego", afirma Mazon.
Os benefícios fiscais oferecidos pelo município são generosos: isenção de IPTU, alíquota reduzida do ISS e até assessoria para a empresa não se afogar na burocracia junto ao governo estadual.
A mais nova conquista de Extrema foi a Panasonic, que instalou uma nova unidade no município.
Anunciada oficialmente em fevereiro, a fábrica estava sendo disputada pela cidade mineira e por municípios paulistas e fluminenses.
A previsão é que, até abril do ano que vem, a empresa deverá ter 600 funcionários.
Procura eleva preço de terrenos na cidade
O desenvolvimento industrial deve acelerar o crescimento populacional na cidade de Extrema.
A previsão é que em 2020 a cidade tenha 45 mil habitantes. Segundo o IBGE, a população passou de 19 mil para 28,5 mil em pouco mais de uma década.
O efeito do crescimento demográfico foi o forte crescimento da procura por imóveis. O custo dos terrenos disparou, assim como os preços dos aluguéis.
Uma nova lei de zoneamento foi criada. A preocupação do Legislativo local teve início após a construção de um edifício de oito andares, o mais alto na cidade.
A população temeu a perda do "skyline" de Extrema, que apresenta um belo visual da Serra da Mantiqueira.
A nova lei limitou a altura dos edifícios a apenas quatro andares.
Nos últimos dez anos, o metro quadrado no bairro Fonte Nova, próximo ao prédio da prefeitura, passou de R$ 15 para R$ 250.
A engenheira Noma Ruiz, 25, decidiu trocar Bragança Paulista por Extrema, mas teve problemas. "São poucas as opções de imóveis. e o aluguel é muito caro", afirma.
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