terça-feira, 4 de agosto de 2020

04/08/2020-RIO PERDEU 800 MIL EMPREGOS EM CINCO ANOS, AFIRMA ECONOMISTA

Dado foi divulgado pelo diretor da Assessoria Fiscal da Alerj, Mauro Osório, 
durante reunião virtual

O Rio de Janeiro já perdeu, de 2015 até julho de 2020, quase 800 mil empregos
de carteira assinada, o que representa, segundo o diretor da Assessoria Fiscal
da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Mauro Osório, um quarto
do total de vagas ocupadas no estado. O dado foi apresentado durante reunião
virtual do Fórum Rio de Desenvolvimento - composto por parlamentares estaduais
e federais da bancada fluminense, reitores de universidades e economistas, nesta
segunda-feira (03/08).

Ao final do encontro, o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), 
antecipou que na próxima semana serão ouvidos representantes do Conselho de Recuperação 
Fiscal, o secretário de Estado de Fazenda (Sefaz), Guilherme Mercês, e representantes da 
Agência Estadual de Fomento (AgeRio). Ceciliano também relembrou que no primeiro 
encontro do grupo foi definido um calendário, e os temas serão seguidos. "A ideia, para 
a próxima semana, é que tenhamos uma hora com a equipe e depois sigamos para a 
discussão da potencialização da AgeRio. No dia 17 de agosto vamos realizar a nossa 
primeira roda de debate sobre inovação em saúde", explicou o presidente.

Além do aumento no número de desempregados, o Rio de Janeiro foi o estado da
Federação que menos cresceu em arrecadação de ICMS entre os anos de 2012 e 
2018, segundo o economista da Uerj Bruno Sobral. Em média, os estados
cresceram cerca de 4,6%, mas o Rio só cresceu 2% entre os anos analisados. 
Durante a apresentação, Sobral pontuou que o Rio sempre esteve abaixo da média 
nos rankings de crescimento de Receita Corrente Líquida (RCL) e de
ICMS, mesmo quando o país não estava em crise. "Quando o Brasil vai bem, o Rio 
vai menos bem ainda. Quando o Brasil vai mal, o Rio vai ainda pior. Temos
que superar as falsas ilusões de bonança. Esses problemas nos amarram e nos 
impedem de ter algum momento mais confortável", alertou Bruno.

Ele ainda pontuou que a queda na Receita Corrente Líquida do Rio foi mais 
acentuada do que a queda apresentada por Minas Gerais e Rio Grande
do Sul - estados colocados em comparação ao Rio. Sobral lembrou que o 
estado apresentou a segunda pior trajetória de crescimento de receita entre 2002 e 2018. 
"Se continuarmos assim o Rio poderá chegar em 2024 tendo que pagar, por ano,
três vezes mais do que o valor da dívida que temos hoje. Cada vez mais a máquina 
pública do Rio vai se fragilizando", disse.

Pacto Federativo

O Pacto Federativo também esteve na berlinda. Segundo o diretor Mauro Osório, 
o Governo Federal arrecada no Rio de Janeiro, por ano, cerca de R$ 170 bilhões
com impostos e devolve somente R$ 33 bilhões. O dado surpreendeu negativamente o 
deputado federal dr. Luizinho (PP-RJ), que argumentou que o estado é o mais prejudicado 
com a atual repartição de recursos da União.

"O Rio está pagando uma conta muito cara por um pacto firmado há 20 anos. Precisamos 
alterá-lo urgentemente e atualizar os valores."

O reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ricardo Lodi, disse que o 
Fórum deve liderar uma campanha nacional de discussão do Pacto Federativo:
"A União se sente desobrigada a atender as demandas dos estados. O 
Regime de Recuperação Fiscal precisa ser renovado, mas é preciso um novo paradigma".

Já o economista Luiz Martins citou que questões políticas têm implicação no diagnóstico 
da economia e que é preciso analisar onde temos autonomia para avançar em
busca de novos investimentos. "Não teremos investimento privado enquanto 
estivermos nesse cenário. Precisamos pensar em como melhorar essa situação", afirmou 
Martins. Mas para a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o Rio não é visto 
como um estado em desenvolvimento. "Ele é considerado um estado em declínio.
Nossa situação é muito difícil e, diante deste quadro, não é possível pensar em qualquer 
estratégia sem um Estado forte, com desenvolvimento vinculado às demandas
que a sociedade apresenta", argumentou.

A parlamentar ainda defendeu a volta de um banco público.

Setor Farmacêutico

Para Carlos Gadelha, economista da Fiocruz, o polo farmacêutico deve receber uma 
atenção especial do grupo. Ele lembrou que o estado conta com 27% da indústria
médica do país, mas está mal posicionado no âmbito técnico-científico: "Temos que avaliar 
o que depende de políticas nacionais e ter uma agenda de articulação", afirmou.

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), 
Jerson Lima, lembrou que o estado do Rio é o segundo maior produtor de conhecimento
e tecnologia do país, mas que é preciso trabalhar para que o resultado da academia 
chegue à população. Também estiveram na reunião os deputados estaduais Luiz Paulo (PSDB), 
Enfermeira Rejane (PCdoB) e Eliomar Coelho (PSol).




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