quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Abra os olhos: glaucoma é sério

O professor de oftalmologia Remo Susanna Júnior  tem uma forma peculiar de definir o glaucoma: "O
glaucoma é considerado o mais astuto ladrão da visão". Assintomática, a doença é a principal causa
de cegueira irreversível no mundo. Não tem cura, mas o diagnóstico precoce pode garantir tratamento
promissor e evitar a progressão da lesão.  
 
Susanna Júnior, que é médico da Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de
Medicina da USP (FMUSP), informa que o problema de saúde acomete 2% da população acima de 40
anos. Apenas 50% dos casos são diagnosticados. Mesmo tratados,  20% dos pacientes ficam cegos de
um olho e com severa perda da visão no olho contralateral. São 2,5 milhões de casos novos anualmente.
A estimativa para 2020 é que 80 milhões de pessoas tenham a doença.
"Não existe prevenção da doença e, sim, diagnóstico precoce", frisa o especialista. Quem tem histórico de
glaucoma na família deve procurar oftalmologista uma vez por ano e fazer exames de pressão ocular e de
nervo óptico. Para as demais pessoas, a recomendação é ir ao especialista a cada dois anos.
 
Susanna Júnior conta que até 2003 o glaucoma era identificado apenas com a pressão ocular elevada:
"Hoje sabemos que só o exame de pressão ocular não é suficiente para o diagnóstico correto, pois a doença
é caracterizada por lesão do nervo óptico. Com o nervo lesionado, a imagem não é transmitida do olho para
o cérebro".
Tratamento 
 Ele conta que quando a medicina entendeu que o glaucoma é doença do nervo óptico, houve mais diagnósticos.
Até 2003, 60% dos casos eram identificados, depois, a porcentagem subiu para 99%.
 
De acordo com o quadro do paciente, o médico também recomendará exames de imagens específicos do nervo
óptico e de campo visual. Ele informa que existem mais de 25 tipos de glaucoma, no entanto, o mais frequente não
apresenta sintomas: "Quando a pessoa percebe problemas de perda de visão, geralmente a lesão já destruiu cerca
de 85% das fibras nervosas dos olhos. Noventa por cento dos casos de glaucoma mais comuns são bilaterais".
Outras formas de glaucoma são causadas pelo tratamento inadequado de diabetes, uso indevido (sem recomendação
médica) de colírio com cortisona, em casos de irritação nos olhos, e trauma ocular ocasionado por acidentes. "As
pessoas precisam se informar mais sobre essa doença", frisa o especialista. Por falta de conhecimento, 7% das pessoas
ficam cegas de ambos os olhos e 15% a 20%, de apenas um.
 
 "A área do nervo lesionada leva à ce gueira e é irreversível. O tratamento é feito para evitar piora do quadro", informa o
especialista. Dependendo do caso, o médico indicará colírios, tratamentos a laser  ou cirurgias. Ele diz que hoje existem
vários recursos para evitar a progressão da doença, no entanto nem sempre o doente segue à risca a recomendação
médica. Nos Estados Unidos, por exemplo, Susanna Júnior conta que 30% dos pacientes com indicação de tratamento
deixam de usar o remédio por conta própria após 3 ou 6 meses: "Eu também tenho pacientes que suspendem o uso do
colírio, o que é ruim, pois a situação é porta aberta para a doença".
 
Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial
 
A importância da informação
 
Remo Susanna Júnior é diretor-executivo da Associação Mundial de Glaucoma e acaba de publicar o livro Porque
as pessoas ficam cegas pelo glaucoma (editora Cultura Médica), que será lançado dia 12, às 8 horas, no hall  do Instituto
Central do HC (Av. Dr. Eneas de Carvalho Aguiar, 255, próximo à estação Clínicas do Metrô). Preço: 80,00.
A obra é um alerta a oftalmologistas, médicos em geral e demais profissionais. Ele afirma desconhecer outra publicação
semelhante no mundo com abordagem da evolução do glaucoma de forma inovadora. A relevância do assunto levou a
obra a ser publicada também na Austrália e Canadá, a pedido dos serviços de glaucoma das Universidades de Sidney e de
Toronto.
No mês passado, o médico já havia lançado o título Glaucoma: informações essenciais para prevenir a sua visão  (editora
Summuns), destinado ao público leigo.
 
Fonte: D.O.E/SP - 04/09/2013 - Página 1

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