segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ontem e hoje: o que mudou nas profissões

Por conta dos avanços tecnológicos, mercado de trabalho mudou profundamente. Atualização deve ser constante, mesmo entre os jovens
  
Fernanda Zandonadi | fzandonadi@redegazeta.com.br

"Tudo muda o tempo todo no mundo", diria Lulu Santos em um dos seus devaneios. Nas profissões, a sentença não é diferente. Faça o teste, se você tem mais de dez anos no mercado. As ferramentas que você usa hoje são as mesmas que você usava uma década atrás? E a forma de lidar com seus fornecedores, parceiros e sua própria empresa. Está tudo igual?

Para a publicitária Rosângela Rosa, não e não. As mudanças estruturais são as mais visíveis, segundo ela. Os fortes entenderão: lutar para gravar alguma coisa em um disquete e rezar para que ele abra em outro computador dá uma boa ideia da ansiedade que era transferir um arquivo importante de um lugar para o outro alguns anos atrás.

"Há dez anos, uma solicitação de orçamento, uma autorização, eram enviados pelo fax. Hoje, ninguém mais tem o aparelho. Ficou obsoleto. Tudo gira em torno da internet. Fazemos contratação de serviços, orçamento, solicitações, tudo on-line. O arquivo para produzir um material, que há uma década não poderia ser enviado por e-mail por ser muito grande, mandávamos por disquete ou CD. Hoje podemos armazená-los na internet e eles podem ser acessados de qualquer lugar".

Rosângela tem 46 anos e formou-se publicitária há dez anos. Na agência em que trabalha há 13 anos o ambiente é jovem, antenado. Na empresa ela divide espaço, por exemplo, com Antônio Patrício, que tem apenas 19 anos. Mas Rosângela não fica para trás.

"Fiz cursos na área de produção gráfica. Pena que aqui no Estado não há muitos cursos voltados para essa área, como há para marketing e novas mídias. Mas tento me manter sempre informada sobre minha área".

Essa proatividade é uma característica importante para se manter no mercado, avalia a psicóloga e recrutadora Martha Zouain, da Psico Store. "A abertura para o novo é uma condição para sobreviver no mercado. Vi um caso, há alguns dias, de um profissional que saiu da empresa porque queria fazer o controle de custos à mão e se recusava a usar o Excel. Tive que adverti-lo que ele estaria fora do mercado se não desenvolvesse essa habilidade. Não é possível mais negar a importância dessas ferramentas e driblar a dificuldade de lidar com as novas ferramentas é impositivo para sobreviver na carreira. O mercado não vai se adequar nunca ao profissional".

E muitos profissionais estão se adequando. No fim, levam vantagem sobre os recém-formados. "Profissionais experientes sabem resolver situações conflituosas de forma mais amadurecida. Esse é um ponto positivo. Ele tem sim mais dificuldade na operacionalização dos sistemas tecnológicos, mas percebemos também que eles estão em busca de informações para uso desses novos meios", explica Carine Cardoso, da Psico Espaço.

As mudanças nas profissões e nos profissionais vão mesmo além da parte técnica, avalia Martha. Tanto que nos cursos de gestão há profissionais das mais diversas áreas, desde os mais experientes aos mais jovens. "Há do engenheiro ao profissional de TI. São pessoas formadas na área racional, técnica, que agora querem aprender a lidar com os relacionamentos, fundamentais em qualquer empresa".

Elas mudaram
Acreditar e ser proativo a essas mudanças é parte fundamental para construir um futuro melhor, mais prático e, porque não, mais justo. Entre os advogados, a segmentação da carreira fala mais alto. Se antes um só bacharel cobria quase todas as áreas, hoje a profissão se desdobra. Além das áreas civil, tributária, criminal e trabalhistas, mais comuns, surgem no horizonte o Direito eletrônico ou virtual, o Biodireito, Direito médico, do consumidor, desportivo, internacional, ambiental e outros tantos.

Entre os engenheiros, a mudança foi mais de postura. O ambiente empresarial busca hoje o profissional com técnica, uma obrigação, e trato com seus pares. O engenheiro centrado nos seus números e sem habilidades comportamentais perde terreno nos novos tempos.

Veja as transformações em cada área. O levantamento foi feito pelo site Exame.com.


Profissionais de RH
Como era: Os profissionais de RH estavam preocupados com o aspecto humano e operacional, ou seja, na administração de pessoas, concessão de benefícios e folha de pagamento. A área funcionava como um balcão de atendimento.
Como é hoje: Hoje o RH tem influência direta no negócio e na empresa. Para se dar bem, esse profissional precisa entender muito bem o negócio da empresa. Isso permite que esse trabalhador identifique onde há potencial de melhora, tanto de processos quanto em relação aos demais profissionais. O trabalho é mais proativo e há mais preocupação com os resultados atingidos.

Diretores financeiros
Como era: O olhar desse profissional era para dentro da empresa. A técnica e a experiência eram as principais forças do setor.
Como é hoje: O mercado já exige que esse profissional olhe também para fora dos muros da empresa. Esse profissional tornou-se um tomador de decisões, portanto, precisa estar atento ao mercado. Cada vez mais diretores financeiros tornam-se presidentes das companhias e quando isso não acontece, há um grande números de funcionários e setores respondendo a eles.

Profissionais da área tributária
Como era: A área tributária de uma empresa era encarada como um departamento de custo. Eram profissionais operacionais.
Como é hoje: O mercado demanda uma visão mais planejada dos profissionais tributários para que a área deixe de ser de custo e passe a ser de receita. Os profissionais precisam entender quais são incentivos existem e como o planejamento tributário pode ser realizado para resultar em dinheiro no caixa.

Profissionais do mercado de seguros
Como era: Era um mercado essencialmente técnico que demandava profissionais especializados na área.
Como é hoje: Há um investimento em profissionais com características pessoais de desenvolvimento de negócios. Há mais espaço para migração de profissionais que vêm do mercado financeiro. É um mercado que está se reinventando e trazendo pessoas que conseguem pensar fora da caixa.

Advogados
Como era: Não havia segmentação e os advogados trabalhavam a questão de jurídica de forma mais abrangente, mesmo nas grandes empresas.
Como é hoje: Os advogados estão mais especializados. Hoje em dia você tem profissionais que olham apenas para a parte societária, ou para área de fusões e aquisições, ou na área trabalhista. Essa mudança trouxe a exigência de um perfil específico.

Profissionais da área de compras
Como era: Bons negociadores que conseguiam redução de preço a todo custo com fornecedores eram mais valorizados.
Como é hoje: A demanda é por profissionais que tenham uma visão de desenvolvimento de fornecedor e amplo conhecimento de diferentes mercados e negócios. A atenção deixa de ser apenas em garantir o contrato no curto prazo e desenvolver parcerias duradouras com fornecedores ganha destaque.

Profissionais de vendas
Como era: Era só atingir resultados.
Como é hoje: Não existe mais o bom vendedor a qualquer custo. Destacam-se os profissionais que têm foco no relacionamento com cliente. As empresas querem saber como ele chega ao resultado.

Profissionais do mercado financeiro
Como era: Competência técnica e força de vontade e lucro bastavam para se dar bem no mercado.
Como é hoje: A eficiência a produtividade são mais valorizadas, se dá bem que produz mais em menos tempo. Organização, planejamento e metodologia são palavras de ordem dentro das grandes instituições financeiras. É a capacidade de entregar resultado com mais produtividade.

TI
Como era: Competência técnica e experiência eram a chave para o sucesso profissional na área de TI.
Como é hoje: Ao lado da habilidade técnica e experiência despontam competências comportamentais. Trabalho em equipe, proatividade, flexibilidade e comunicação são essenciais. O mercado demanda profissionais que tenham visão estratégica, para conseguir identificar a necessidade do cliente e trazer a solução.

Engenheiros
Como era: A avaliação profissional recaía na competência técnica. Não havia muita preocupação com competências comportamentais.
Como é hoje: As competências técnicas não deixaram de ser importantes. Pelo contrário, o mercado entende que isso você já tem, e demanda, agora, habilidades comportamentais. Saber transitar entre os mais diferentes níveis hierárquicos, trabalhar para minimizar conflitos e capacidade para liderar equipes multifuncionais são características que fazem os engenheiros se destacarem no mercado.

Publicitários
Como era: Antes o trabalho prático do publicitário era permeado por prancheta, régua haberule, fontes gráficas e marcadores. Esse profissional também lidava com menos meios de comunicação, como TV, rádio, jornal impresso e outdoors.
Como é hoje: Hoje, além da mudança das mídias ocasionadas pela internet, as ferramentas de trabalho também mudaram e se digitalizaram. O mercado busca profissionais que estejam antenados com as tendências, como redes sociais.

 

FONTE: A Gazeta - http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/05/noticias/dinheiro/1444246-ontem-e-hoje-o-que-mudou-nas-profissoes.html

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