quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Planalto pretende antecipar extensão de desoneração

» JOÃO VILLAVERDE

DA AGÊNCIA ESTADO

 

O Palácio do Planalto quer antecipar em um ano a proposta

de estender para todos os setores da economia a desoneração

da folha de pagamento.

A perspectiva de mais um ano de crescimento fraco

tem elevado o nível de "desespero" entre assessores da

presidente Dilma Rousseff.

Por isso, a ideia de acelerar processos em andamento começam

a ganhar terreno.

Apesar da disposição, o Ministério da Fazenda, responsável

pela execução da política de desoneração, ainda

não recebeu um sinal formal da Presidência para antecipar

a operação.

Os técnicos da equipe do ministro Guido Mantega continuam

trabalhando dentro do plano original: escalonar

a desoneração - de forma a não produzir toda a renúncia

fiscal em apenas um ano - dos setores que ainda não foram

beneficiados pela medida até o fim de 2014.

"A desoneração da folha de pagamentos será ampliada

a todos os setores nos quais esta mudança constitui

um benefício. Não serão, porém, todos os segmentos da

economia, simplesmente porque alguns setores não

desejam essa mudança", disse uma fonte qualificada do

governo federal.

Segundo os técnicos da equipe econômica, o governo

ainda deve estudar quais setores poderiam obter benefício

com essa medida e, a partir daí, definir um cronograma

de anúncio de implantação da medida.

"É preciso discutir caso a caso, em seguida preparar a

medida, que só entra em vigor 90 dias depois de anunciada",

disse o técnico.

 

Gatilho

 

Apesar da crença de setores do Planalto de que a antecipação

da desoneração poderá ter efeitos práticos sobre

a taxa de expansão da economia este ano, alguns

segmentos da indústria –com peso importante sobre o desempenho

do Produto Interno Bruto (PIB) – não apostam

na medida como o melhor mecanismo para disparar um

crescimento mais expressivo.

O melhor exemplo é a indústria automobilística. Apesar

do grande número de empregados nas montadoras,

para essas companhias seria preferível uma desoneração

que atingisse a compra de maquinário ao invés da troca

do repasse do equivalente a 20% da folha de pagamento

por contribuição sobre o faturamento das fábricas.

 

Alíquota

 

Estimativas da equipe econômica apontam que, para

ser competitiva, a alíquota da contribuição previdenciária

sobre o faturamento das montadoras deveria ser de, no máximo,

0,5% – menor, portanto, do que as alíquotas de 1% ou

2% praticadas pelo governo desde 2011 para os primeiros

setores econômicos beneficiados com a mudança.

Técnicos da área econômica insistem que a desoneração

da folha de pagamentos será estendida a todos os

setores "que tiverem interesse" e, principalmente, onde o

efeito da mudança da base de tributação – da folha de

salários para o faturamento bruto – for efetivamente vantajoso

de forma sustentável.

"Não adianta a mudança representar benefício num ano

e, em seguida, quando o setor enfrentar um ano ruim, a

nova tributação asfixiá-lo", disse a fonte.

 

 

FONTE: Jornal do Comércio/RJ – 21/01/2013 – Página A-2

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